Sobre devaneios, divagações e universos pararelos

Sobre devaneios, divagações e universos pararelos

segunda-feira, 5 de agosto de 2013





Enquanto uma classe profissional de saúde se considerar a detentora do saber, se endeusarem, se encastelarem e olharem somente para o próprio umbigo, bem como não se abrirem para discussões (fundamentadas) e articulação com as demais categorias que compõe a área da saúde, permanece-a o caos enfrentado pela saúde pública. As funções de cada profissão são muito bem definidas, cada qual deve conhecer bem não só o seu papel, como também o dos outros profissionais, para não incorrer no risco de fazer julgamentos precipitados, denegrindo, desvalorizando e ferindo a autonomia de outras classes. O discurso de que o SUS é falho, que não dar conta das demandas de saúde da população e onde é reforça a ideia de privatização, só pioram ainda mais a situação. O fato é que o SUS está longe de ser efetivado como realmente deveria conforme o que está escrito, porém, os avanços são inegáveis. Há investimentos sim, o que falta é uma gestão sensível, responsável e ética, que conheça as necessidades de saúde da população a fim de atendê-las da melhor forma possível. Falta também de conscientização política da população para não só cobrarem, mas principalmente saber eleger seus representantes. E essa conscientização da população é também tarefa de todos nós que compomos a saúde pública sim, TODOS. E pra isso não precisa de condições estruturais de primeiro mundo, e de tecnologia de ponta, uma conversa abaixo de uma árvore de uma Unidade Básica de Saúde com um grupo de usuários já faz uma enorme diferença, pois os instrumentos mais importantes aí são o conhecimento, a voz e a vontade de repassar para aqueles um pouco do pouco que sabemos e também aprendermos com eles, uma relação horizontal que permite a construção de vínculos e de confiança entre os profissionais e usuários. Agora me pergunto, será que são todos os profissionais que estão dispostos a procurar empoderar a população, bem como fazer valer os princípios do SUS? É bem verdade que não, pois muitos chegam à Unidade, atendem um total de fichas em tempo recorde e saem para outros empregos ou consultórios particulares (claro que como tudo na vida, há exceções né, embora raras, mas não vamos cair no erro de fazer generalizações). Pois é, triste realidade. Enfim, enquanto uma profissão se achar superior às demais, quem mais sofrerá com isso é a população que tem uma assistência precária, que não é ouvida e que é calada por um tufão de medicamentos. Portanto, coloquem os pés no chão. Conquistem seu espaço sem querer passar por cima das outras profissões de saúde. Assistência de QUALIDADE à população não se faz isoladamente, é necessária uma atenção multiprofissional e intersetorial, se baseando sempre no respeito mútuo e nas devidas responsabilizações de todos os envolvidos. E não esquecer que com arrogância, prepotência e autoritarismo não se faz saúde, e sim reforça um modelo de hierarquização de poder e verticalização, um retrocesso imenso no até hoje foi conquistado. 

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Renove-se



Queira-se

Busque-se

Receba-se

Encontre-se

Complete-se

Respeite-se

Deleite-se

Cultive-se

Questione-se


Movimente-se

Sinta-se

Ame-se

terça-feira, 23 de abril de 2013

VIR A SER




Eu procuro por mim.
Eu procuro por tudo o que é meu
e que em mim se esconde.
Eu procuro por um saber
que ainda não sei, mas que de alguma forma já sabe em mim.
Eu sou assim... processo constante de vir a ser.
O que sou e ainda serei
são verbos que se conjugam
sob áurea de um mistério fascinante.
Eu me recebo de Deus e a Ele me devolvo.
Movimento que não termina
porque terminar é o mesmo que deixar de ser.
Eu sou o que sou na medida em que
me permito ser.
E quando não sou é porque o ser eu não soube escolher.

(Padre Fábio de Melo)

Era uma menina que...




Muitas vezes sentia-se incompreendida e estranha por ainda não conhecer profundamente a si mesma, sendo assim não conseguia saber lidar com algumas situações e com as pessoas. Tinha uma mania de inferioridade que lhe impossibilitava de enxergar o seu próprio eu, e assim perdia-se, desencontrava-se, inquietava-se. Ficava remoendo coisas que independiam dela, as quais não poderiam ser como ela realmente quereria. No que dependia dela, fazia o que pensava ser o melhor - nem sempre o era. Sentia muita saudade daquilo que ainda não havia vivido e experimentado – e isso trazia um incômodo inexplicável. Enquanto o não vivido não se materializava e tornava-se de certo modo palpável, ia utilizando sua imaginação para dispor de alguns instantes, onde fosse possível sentir-se bem consigo mesma – a leitura era uma ferramenta poderosa para tal, outra, o silêncio. Perguntava-se “o que está acontecendo comigo? Em qual esquina ficou presa minha subjetividade? Em qual parte do caminho me desconectei de mim mesma (se é que realmente em algum momento já havia se compreendido)?”. Era especialista em engolir o choro, engolir sapos e esconder os sentimentos – ou seria não saber como demonstrá-los?.  Os espaços não preenchidos e as faltas que havia em sua vida iam podando seus sentimentos, tornando-a mais quieta, mais fechada e menos receptível.  Pedaços de memórias foram se perdendo ao longo do tempo – se perderam ou nem sequer foram vividos? Ela não sabia responder.  Esperar nunca foi uma das suas melhores qualidades, mas esperar é preciso, pois não somos nós que escolhemos o melhor tempo das coisas acontecerem, se endireitarem. Estamos em eterno processo de feitura, nunca estaremos completamente prontos, somos seres inacabados, assim, pois, passíveis de metamorfoses. Sua vida parecia sem sentido e infeliz, porém existia uma força dentro dela, uma força e uma vontade inexplicável que a faziam seguir, manter um sorriso nos lábios - tentando transplanta-lo também para a alma. E continuar seus passos cansados, apesar dos entraves que encontrava pelo caminho.  Não parava, sabia e sentia que as coisas melhorariam, pois existia uma palavrinha que era a mola propulsora para seu caminhar. A palavra ACREDITAR. Acreditava na sua capacidade.  Acreditava em um Deus que jamais deixaria de amá-la. Acreditava no poder da sua fé.  Acreditava também no amor, em anjos e em fadas.