Não diria perdas, e sim faltas. Enquanto forem apenas faltas
poder-se-á tentar estratégias para preenchê-las, ocupar os espaços usando o que
temos disponível, refazer-se, ter coragem para falar aquilo que
queremos/sentimos - que fica entalado e forma aquele nó na garganta - enquanto
o outro ainda está lá e pode ouvir-nos. Ainda há tempo. Já quando se tem as
perdas, não há mais como retomar, tentar fazer diferente, buscar maneiras de
dar certo, o que foi perdido não volta, não espera da gente aquilo que deveria
ter sido feito/dito (e não foi - seja por orgulho, espera, receio ou
simplesmente por não saber como). Que tenhamos a sensibilidade para não deixar
passar certos momentos e saibamos discernir a melhor forma de agir diante
deles. Que conservemos o que temos de melhor e da melhor forma possível antes
que se tornem perdas - principalmente/excepcionalmente/impreterivelmente quando
se trata de pessoas.