Sinceramente não sei
responder. O que sinto no momento é que quanto mais me procuro, quanto mais
tento me conhecer e me compreender, mais surgem novas questões, novos desafios,
novas dores. Porque na verdade o difícil não é essa procura por si, o difícil é
saber o que fazer a partir disto, a partir do que se encontra, principalmente
quando você simplesmente não sabe – por onde começar, como agir e o que fazer depois
de provar dessa incompletude (eterna incompletude), dessa necessidade em sempre
‘querer ser’ e ‘fazer’ o melhor – e acaba se perdendo mais do que antes, mais
do que quando não havia mergulhado dentro de si, não fosse pela teimosia em se
aventurar pelas ruas desertas e vielas escuras do seu ser. Por vezes os frutos
dessa busca incessante, de tantas cobranças e exigências, nos fazem esquecer as
nossas limitações, nos fazem esquecer a nossa condição humana, nos fazem pensar
sempre à frente e esquecer o agora. Talvez no momento só não queira me buscar e
me compreender, além de ter medo do que posso encontrar (ou criar coisas
inexistentes) e não saber o que fazer com isso, não quero mais fardos além dos
que já tenho, não sei se posso suportar. Quanto mais me conheço mais sofro – acredito que isso provém justamente dessa projeção
de realizar aquilo que ainda não foi vivenciado, e pelo fato de não ter nenhuma
perspectiva de quando far-se-á realidade. Portanto uma dia de cada vez, um
passo de cada vez, não se antecipar, não antecipar as dores. Ir se fazendo de ‘louca’,
de ‘desentendida’ e que não se importa, talvez assim seja mais fácil saber
conviver com os dissabores e permita ver além disso.